por Márcia Alves


 


Muitas mulheres se sentem culpadas por enriquecer.  A conclusão é de Andréa Villas Boas, psicóloga que trabalhou por dez anos no mercado financeiro e na área de Recursos Humanos. Ao perceber que a relação da mulher com o dinheiro era cercada de crenças negativas, ela resolveu estudar o tema. O resultado de pesquisas oficiais e dados recolhidos entre mais de 500 entrevistados está contido na obra “Valor Feminino – Desperte a Riqueza que há em você”.


A autora entrevistou pessoas entre 18 e 70 anos e não encontrou nenhum homem que associasse ser rico com ter menos princípios, padrões morais menos elevados ou ausência de valores. Já as mulheres diferenciaram riqueza material e espiritual ou moral e se mostraram menos à vontade com a ideia de acumular riqueza. O livro traz histórias reais de mulheres que passaram por dificuldades por conta do cuidado excessivo com família, filhos e parceiros e da pouca atenção que reservam para elas mesmas.


"A mulher cuida primeiro dos filhos, dos maridos, da família e se esquece de si, o que prejudica muito sua aposentadoria. Isso no mundo inteiro. No Brasil é a primeira vez que constato, via depoimentos colhidos para o livro, algo que já tinha como feeling (sensação) pelos eventos que frequentei no ramo, livros que li, coisas que ouvi de clientes de coaching (orientação profissional) e conversas entre amigas e colegas de trabalho", revela a psicóloga.


O livro mostra dados preocupantes. Entre eles que: três em cada quatro idosos pobres são do sexo feminino; sete em cada dez brasileiras enfrentarão a pobreza em algum momento da vida; de 1998 a 2008, o número de famílias sustentadas por mulheres, mesmo havendo um cônjuge, aumentou de 2,4% para 9,1%.


Por isso, a autora propõe na publicação mudanças de comportamento entre mulheres que podem levar à prosperidade. A maior dificuldade feminina para multiplicar recursos pode ser explicada, em grande parte dos casos, pela educação diferenciada entre homens e mulheres. Os homens são incentivados a investir desde a infância, enquanto mulheres são ensinadas que investir e ganhar dinheiro são moralmente inadequados.