por Cristiane Collich Sampaio

O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) já homologou modelos de termômetro sem mercúrio, para uso em postos. Desde que os postos paulistanos foram notificados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), em novembro de 2010, dando prazo de seis meses para a substituição dos equipamentos que utilizam mercúrio para a medição, o órgão publicou três portarias – as de nº 309/2010, n° 94/2011 e n°83/2011 – aprovando novos modelos de termômetros. A informação foi prestada pela sanitarista e médica do trabalho, Cecília Zavariz, que atua no MPT como auditora fiscal do trabalho desde a década de 80.

“A tendência é aumentar a oferta e a aprovação de termômetros alternativos sem mercúrio”, afirma, já que “a intenção é estender a medida para todo país o mais breve possível”. Para isso, segundo ela, o MPT conta com o apoio do Inmetro e espera contar, também, com o do Sincopetro.

Cecília afirma que já existem no mercado nacional e internacional modelos de termômetros sem mercúrio. Todavia, ela anuncia que, “se eventualmente não houver aparelhos disponíveis pode-se aguardar temporariamente o abastecimento do mercado”, cabendo ao estabelecimento a comprovação dessa situação perante o órgão.

Custos e benefícios

Os preços dos equipamentos sem mercúrio, como os termômetros com álcool colorido, podem ser até mais baratos que os tradicionais, informa a médica. “Atualmente os valores desses aparelhos reduziram muito e houve aumento na oferta de modelos com as novas tecnologias”, diz. Em contrapartida, a tendência é que os aparelhos com mercúrio sejam cada vez mais raros e caros.

Cada posto, dependendo de seu porte, necessita de poucos equipamentos, geralmente dois termômetros, para medição da temperatura dos combustíveis. Entretanto, a auditora do MPT ressalta, que “ao somarmos a quantidade de mercúrio que deixará de circular em função da substituição de todos esses aparelhos, teremos muitas toneladas. Neste sentido, é imensa a contribuição que os postos darão para prevenir os riscos do mercúrio para trabalhadores, usuários e população”. Do ponto de vista financeiro, o custo da substituição é insignificante para o posto, segundo ela.

SAÚDE E MEIO AMBIENTE - Derramado no ambiente, o mercúrio é em parte absorvido por animais e plantas e pode se concentrar, em grandes quantidades, ao longo das cadeias alimentares, chegando aos seres humanos. Ao entrar na corrente sanguínea, o que pode se dar tanto pela ingestão de alimentos contaminados quanto pela inalação de seus vapores, ele se deposita em órgãos, como rins, fígado, ossos, medula, intestinos, pulmões e cérebro, desintegrando os tecidos. No sistema nervoso, dependendo de sua concentração, seus efeitos podem ser desastrosos, gerando desde lesões leves até demência, vida vegetativa e morte.