por Márcia Alves

Uma onda de assaltos a caixas eletrônicos de bancos instalados em postos de combustíveis está assustando os revendedores de todo o país. Alguns, inclusive, começam a avaliar se a oferta dessa comodidade aos clientes ainda é uma vantagem para o negócio. Tanto que nos estados do Nordeste, onde essa modalidade de crime cresceu, alguns postos do Rio Grande do Norte, com o aval dos próprios bancos, já decretaram o fim desses terminais em suas dependências.

A forma violenta como esses crimes são praticados é o que mais atemoriza os donos de postos. Entre os casos mais comuns, os caixas são arrancados do local e levados pelos criminosos, ou, quando não é possível, arrombados com maçaricos. Porém, o modo mais fácil e rápido descoberto pelos ladrões é a explosão do caixa eletrônico, o que representa um risco ainda maior para os postos de combustíveis.

O Exército divulgou em abril um levantamento sobre a quantidade de explosivos que foram parar nas mãos de criminosos em 2010. Conforme o relatório, mais 1,06 toneladas de emulsão de nitrato de amônia e de dinamite foram roubadas de pedreiras e obras em sete estados brasileiros. A quantidade é 170% maior do que a registrada em 2009. A Polícia Civil acredita que esses explosivos são usados exclusivamente para o roubo de caixas eletrônicos.

Muitos casos

A Delegacia de Repressão a Crimes Patrimoniais de Pernambuco informou que neste ano já foram registrados 14 casos no estado. Em Alagoas, a Polícia Civil computou outros 15 casos. Em Mato Grosso, foram 17 casos nos três últimos meses de 2010, e 11 ataques em janeiro e fevereiro deste ano.  Entre assaltos a bancos e a caixas eletrônicos, São Paulo registrou 211 ocorrências no passado.

Em Parnamirim (RN), onde o caixa eletrônico de uma loja de conveniência foi explodido em março, os funcionários estão com medo. “Se a explosão atingisse o posto, a tragédia seria ainda maior”, disse o gerente. Para ele, o terminal eletrônico no posto deixou de ser uma vantagem. “É melhor perder no movimento, do que a loja inteira. O banco não se res­ponsabiliza por danos nas lojas”, disse.

“São ações agressivas em que muitas vezes os bandidos nem conseguem levar o dinheiro, mas destroem o caixa eletrônico e toda a estrutura em volta", disse Pedro Oscar Viotto, diretor de segurança da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A entidade informou que em 2010 registrou um prejuízo de R$ 60 milhões com esses crimes.

Combate

Para conter essa onda de crimes, a Febraban anunciou que estuda implantar um dispositivo nos caixas eletrônicos para manchar as notas com tinta diante de qualquer tentativa de violação ou extravio do cofre dos equipamentos. Em países da Europa, esse dispositivo conseguiu acabar com os crimes contra caixas eletrônicos e carros fortes. Mas, a implantação no Brasil ainda depende da aprovação do Banco Central por envolver a troca de dinheiro manchado com tinta. Seria necessário discutir uma regulamentação específica para o uso do equipamento.