por Denise de Almeida

Um ano depois dos terminais de pagamento passarem a processar cartões de todas as bandeiras, 64,29% dos comerciantes da capital mineira informam que obtiveram redução de custos com a unificação das máquinas, segundo pesquisa realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH).

A mudança, ocorrida em 1º de julho do ano passado, era uma reivindicação antiga dos empresários do comércio, que pagavam, em média, cerca de R$ 110 mensais pelo aluguel das máquinas, além da taxa de administração das credenciadoras de até 5% ao mês. Com a medida, os lojistas puderam optar por uma única máquina para passar todos os cartões, independentemente da bandeira adotada.

A pesquisa, que entrevistou cerca de 300 empresários, aponta que 95,08% dos comerciantes estão satisfeitos com a mudança e, no último ano, 75,86% optaram por passar a trabalhar com apenas uma operadora. Mas, na opinião do vice-presidente de relações institucionais da CDL-BH, Marcelo de Souza Silva, esses custos precisam baixar ainda mais. “Apesar de toda a facilidade e da garantia do recebimento, trabalhar com cartão de crédito no Brasil é muito caro", pondera. Para ele, é necessária uma nova rodada de regulamentações que estimulem a concorrência.

O executivo lembra que, no Brasil, a indústria do setor de cartões de pagamento apresenta alto grau de concentração. Cielo e Redecard, juntas, dominam mais de 90% dos cartões ativos. Além disso, na grande maioria dos países, a taxa de administração cobrada pelas empresas fica em torno de 2%, o aluguel das máquinas gira em torno de R$ 70 e o lojista recebe o valor da compra dois dias após ter sido efetuada pelo consumidor. “Aqui no Brasil, o repasse só é feito ao comércio 33 dias após a compra”, revela Souza.

“O comércio não é contra o cartão de crédito. Ao contrário, ele é muito importante para nossa atividade. Somos contra esse modelo que, em vez de privilegiar a produção, privilegia o sistema financeiro", critica. “Daí, a nossa defesa para que o setor seja regulamentado pelo Banco Central”, conclui.