por Márcia Alves

Não é apenas a possibilidade de aumento de preços da gasolina que está preocupando a revenda de combustíveis. A baixa oferta de etanol é uma ameaça real. Como a moagem de cana-de-açúcar será menor que a esperada na safra 2011/2012, a oferta do combustível também será reduzida, afetando os preços nas bombas. A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) estima que a safra será 4,21% menor que a anterior, atingindo 533,50 milhões de toneladas. A entidade prevê que a produção de etanol deverá chegar a 22,54 bilhões de litros nesta safra, 11,19% menor que os 25,38 bilhões de litros da safra anterior.

“Isso faz com que se tenha uma oferta muita justa em relação à demanda”, disse o representante da Unica, Sérgio Prado. Ele não descartou um aumento de preços do etanol, mas negou, em entrevista à Agência Brasil, que vá ocorrer desabastecimento do produto. Prado explicou que a oferta restrita é resultado de problemas climáticos enfrentados nesta safra e, ainda, da falta de investimentos no setor dos últimos anos, que ampliou, principalmente, a restrição de crédito provocado pela crise financeira mundial.

Medidas provisórias

Por enquanto, o governo não vê motivos para apreensão. “Chegamos à conclusão de que as providências que têm sido tomadas fizeram com que mercado esteja estável, não há desabastecimento de etanol nem de gasolina”, disse o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Entretanto, na mesma ocasião, o ministro anunciou que duas novas medidas provisórias serão editadas pelo governo, que trarão medidas para financiar a produção e o armazenamento de etanol.

Uma delas, de acordo com o ministro, tratará da concessão de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco do Brasil para produtores de etanol e para distribuidores que quiserem estocar o produto. Objetivo é aumentar a oferta e tentar baixar preço dos combustíveis. A outra medida prevê um aporte de US$ 4,1 bilhões para a Petrobras Biocombustíveis nos próximos três a quatro anos, a partir de 2012, para ampliar a sua produção de etanol. Hoje, a empresa produz cerca de 5% de todo o mercado brasileiro e a intenção do governo é que passe para 12%.