por Márcia Alves

Os problemas de saúde que surgem com o passar dos anos, como a redução de hormônios, não são exclusividade das mulheres. Se depois dos 40 anos, o sexo feminino sofre com a depressão, osteoporose, alterações de humor e insônia, o sexo masculino também enfrenta problemas parecidos, que vão desde a redução da libido até a disfunção sexual. Isso explica porque a reposição hormonal para ambos os gêneros assumiu quase a condição de “elixir da juventude” ao reduzir os efeitos do envelhecimento.

Trabalhos comprovam que o tratamento com reposição de testosterona em homens pode propiciar melhor distribuição da massa de gordura e aumento da massa muscular. Nos casos em que exista um quadro de enfraquecimento dos ossos, a melhora da densidade mineral óssea é outro benefício associado ao tratamento.

Mas, apesar dos efeitos aparentemente milagrosos, ainda restam dúvidas sobre a segurança dos tratamentos de reposição hormonal para combater os efeitos do envelhecimento em homens saudáveis. Embora os médicos adeptos da terapia garantam que ela é segura e que possa prevenir doenças, outros apontam o risco de estimular o desenvolvimento de câncer de próstata e causar problemas cardíacos.

Daí porque a indicação e a divulgação do uso de hormônios e outras substâncias com o objetivo de prevenir ou reverter o envelhecimento passou a ser uma prática vedada a médicos no Brasil. A determinação partiu de uma recente resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), que tem força de lei para médicos.

Segundo o texto, a reposição hormonal só pode ser feita se houver um déficit comprovado da substância. Além disso, o benefício dessa reposição precisa ser cientificamente provado ou, ainda, apresentar alguma relação entre determinada doença e a falta do hormônio. Portanto, está proibido indicar doses extras de hormônios para pacientes que têm níveis normais da substância.

A resolução também proíbe a prescrição de vitaminas, antioxidantes e dos chamados hormônios bioidênticos (com estrutura igual à do hormônio natural) com o apelo do antienvelhecimento. O CFM entende que não há evidência científica que respalde essas terapias. "Não se pode vender uma ilusão. E uma ilusão que custa caro", afirma Gerson Zafalon, relator da resolução.

Mas a proibição do CFM não é unanimidade no universo médico. O presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo do Envelhecimento, Wilmar Jorge Accursio, faz ressalvas a algumas informações técnicas divulgadas pelo CFM. Mas, elogia o fim das promessas de transformar o paciente num "super-homem". Ele defende a indicação de hormônios apenas se houver deficiência.