por Márcia Alves

E meados de setembro, o governo anunciou a intenção de reajustar
em 8% o preço da gasolina até o final de outubro. Embora o foco da medida seja
melhorar a situação financeira da Petrobras, que enfrenta a defasagem da
diferença de preço entre o combustível no exterior e aquele vendido nos postos do
país, os técnicos do governo acreditam que o mercado de etanol também será
beneficiado. Em princípio, porque o preço do etanol se tornará mais vantajoso
em relação à gasolina.

Por enquanto, o consumo de etanol dá sinais de reação. Em
agosto, os preços estavam próximos de 65% do valor da gasolina em Goiás, Mato
Grosso, Paraná e São Paulo, segundo dados apurados pela Agência do Petróleo,
Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em resposta ao aumento de consumo, a
produção de etanol também cresceu região Centro-Sul, que responde por 90% da
safra de cana no país.

A produção alcançou 2,08 bilhões de litros, representando
uma alta de 8,25% ante o mesmo período da safra passada.

Já as vendas cresceram 21,4% na região, atingindo 2,54
bilhões de litros. Segundo informações da União da Indústria de Cana-de-Açúcar
(Unica), o volume de vendas em agosto na região ficou próximo do patamar
recorde para um único mês, registrado apenas em julho de 2009 e setembro de
2010, respectivamente.

Outra medida de estímulo ao setor também partiu do governo, em
setembro, com a aprovação da Lei 12.859, resultante da Medida Provisória 613,
que concede incentivos tributários aos produtores de etanol, por meio de
crédito presumido e da redução das alíquotas do PIS/Pasep e da Cofins.

Para o governo, o conjunto de medidas que engloba desoneração,
crédito para renovação de canaviais e estocagem e aumento da participação do
etanol na mistura da gasolina alivia o caixa das usinas. Mas, os produtores
dizem que não precisam de subsídios. “Tudo o que o setor do etanol pede é uma
política racional de formação de preços para a gasolina, compatível com o
mercado e com a real demanda", afirmou Elizabeth Farina, presidente Unica.